30 de jan. de 2012

Quando a máscara cai

Talvez valha a pena

Sempre caí de para-quedas. Sempre, desde o começo. Modéstia à parte, sempre me dei bem com isso. Primeiro eu achava que por talento, depois comecei a desconfiar que seria por comodismo. É mesmo muito fácil deixar que decidam por você o que deve ser feito, como agir, quem ser.

Mas o tempo passa, muita água corre debaixo da ponte e a vida segue rumos que a gente nem sonha que seguirão (ou sonha, vá saber). Com isso, aquele comodismo e até mesmo o talento são colocados em xeque: era medo. Medo de encarar os fatos, de aceitar desafios maiores e de, consequentemente, dar a cara pra bater.

Os tapas são fortes. Doem no rosto, na alma e no coração. Latejam, incham e ardem com a força da hipocrisia. Os bons e velhos tapinhas nas costas já não são tão bons assim. Será que um dia foram realmente bons? Será que um dia tanto teatro valeu realmente a pena?

Valeu em partes: pelas amizades verdadeiras, pelo aprendizado, pelos finais de semana e dores de cabeça. Por brigas compradas em vão e por, depois de quatro anos de ostracismo, entender que nada mudou e nunca mudará enquanto eu não retirar minha máscara e esperar pelos bofetões.

A briga agora é outra. O espírito agora é outro. E a consciência de que há (finalmente) um sentido é a motivação que eu preciso para despir-me do medo.

***

Estou com vocês. Mais do que nunca. ;)

6 de jan. de 2012

Backup da alma

O que devo guardar nessa pasta?

Ontem eu comecei a organizar todos os meus trocentos CDs de backup. A ideia é reorganizar nomes de arquivos/pastas, catalogar tudo e, logicamente, deletar muita informação que está guardada sem necessidade. Economizo espaço, tempo na hora de procurar alguma coisa e saúde. Sim, saúde. O fato de selecionar aquilo que já não faz mais parte de nossas vidas é uma forma de autopreservação. Funciona mais ou menos como uma pedrinha no sapato: ela entra, incomoda, deixa claro que está ali para isso. E enquanto você não a retira do pé ele vai só causando estragos.

Há muito arquivo repetido, que insiste em não ser deletado. Muita música (muita mesmo!), muitas fotos... O bacana dos backups é que eles nos levam ao passado de um jeito meio dinâmico, prático. Seria muito bom, inclusive, se a nossa cabeça também funcionasse assim, né? Mas não funciona. Não dá pra deletar o que é ruim, não dá pra substituir um momento ruim por um momento bom, não dá pra voltar atrás. Fica tudo lá, guardado no nosso disco rígido.

Acho que a grande vantagem de se armazenar tanta coisa é que, com isso, a gente aprende. São nossas referências do que é bom e do que é ruim. Ficar cara a cara com o passado não pode ser martírio: é importante entender que, para vislumbrar o futuro, precisa-se olhar para trás e tentar não cometer os mesmos erros. E entender também que é no passado que nossa essência mora. É no passado que habita nosso eu primário, alguém que a gente nunca deixa de ser.

Foi bom ter iniciado este backup. Me reencontrei mais uma vez. E revisitei momentos, amigos, pessoas queridas e de um Antônio que existe, mas que não volta mais. Alguns desses amigos já nem fazem mais parte do que sou hoje, mas terão para sempre a sua pastinha salva. Ficarão lá e, quem sabe, um dia serão novamente acessados. Ou não. E talvez seja melhor assim.

3 de jan. de 2012

Um novo (e belo) horizonte

Nunca imaginei que um biscoitinho da sorte pudesse ser tão assertivo.

Há cinco meses atrás eu não tinha grandes perspectivas sobre meu futuro. Me deixei levar pelo desenrolar das coisas. Então, um mês depois de ter tirado esse papelzinho aí em cima, comecei a viver uma grande reviravolta. Tanto que, se for para definir 2011 com uma palavra, esta será INTENSO. Foi o ano em que eu comprovei a teoria do "o que vem fácil, vai fácil" e, com isso, fechei ciclos muito importantes na minha vida: terminei meu primeiro namoro, fiquei desempregado, exorcisei fantasmas que há anos me assombravam e firmei, tanto na minha mente quanto no meu coração, tudo aquilo que eu quero para mim e que era hora de escolher entre a minha felicidade e a felicidade alheia. Os quatro últimos meses de 2011, em especial, ilustram bem esse ano tão intenso.

Quatro meses. Parece pouco, mas durante quatro meses vivi anos da minha vida que foram, por muito tempo, suprimidos do meu "processo de evolução natural". Por muito tempo eu permiti que o medo, a autossabotagem e a falta de amor próprio me impedissem de mover, mantendo-me num estado de comodismo que tornou-se sufocante. Sufoquei a mim e a muita gente com um egoísmo disfarçado de senso crítico; sufoquei muita gente que me ama com minha necessidade imediata de mudança sem nem saber que mudança era essa; e sufoquei meus maiores sonhos tentando ser alguém que eu nunca fui. Então eu criei coragem e disse sim. Sim à proposta, sim ao desafio, sim a mim mesmo. Levei meia hora para voltar ao meu estado de sanidade (meu Deus, eu vou pra BH! E agora? Socorro!) e, com uma determinação bem peculiar, fiz o que tinha que ser feito. Três dias depois do "sim" eu começava uma nova rotina e passava a descobrir, diariamente, alguns segredinhos sobre mim e sobre o mundo.

Descobri que só quem vê o pôr do sol sabe o valor que ele tem.

Descobri que tudo tem seu tempo MESMO e que forçar a barra só retarda o processo. Descobri que pessoas podem ser cruéis e que eu também sou uma pessoa (ou seja...). Descobri, ainda, que chorar alivia a alma, mas não resolve os problemas nem paga as contas. E descobri que o medo do novo explica, mas não justifica a apatia. Aliás, viver com medo é, sim, viver pela metade. E com tantas descobertas eu aprendi muito. Cresci, sou bem diferente do que era há cinco meses atrás. Alguns dizem apenas que mudei, outros são taxativos: fiquei metido. Para mim, o protagonista dessa mudança toda, sou o mesmo de sempre com valores e experiência de vida drasticamente revistos. O fato é que não posso ser indiferente a tudo o que aconteceu comigo nesses últimos quatro meses - coisas que só aconteceram quando eu quis, de verdade, que acontecessem.

Descobri também a cerveja Backer. E, com ela, copos amigos para brindar a uma vida cheia de surpresas...

Ainda há muito a ser vivido, mais ainda a ser descoberto. E isso me faz ter uma grande - e óbvia - certeza: é pra frente que se anda. E eu só volto quando o mundo inteiro não mais me bastar.

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Feliz 2012, pessoal! Com ou sem biscoitinho da sorte, que o futuro de vocês também seja emocionante como o meu tem sido. Muita saúde, paz e sonhos realizados! ;)