(Miguel de Cervantes)
***
De repente eu comecei a ler. De forma voraz, desmedidamente, ligeiramente sem critério. Lia tudo, lia qualquer palavra que estivesse escrita, onde quer que fosse. De livros a bulas de remédios, leio, leio, leio...
Então essa leitura dinâmica começou a me fazer mal. Apenas leio, sem vontade alguma de absorver as informações que estão ali. E as palavras, ora tão fascinantes para mim, passaram a ser apenas palavras. Sem sentido, vazias, nada convincentes. Todas iguais.
A partir daí, comecei a lembrar-me de obras que prenderam minha atenção. A última, por exemplo, era um livro com uma sinopse magnífica. Mas era trancado com um cadeado velho e sombrio. Nunca consegui abrí-lo, apenas tentava e, de forma doentia, lia e relia a tal sinopse para ver se havia ali alguma dica de como achar a chave daquele cadeado...
Um belo dia desisti de abrí-lo. Com isso, desisti de ler com atenção. Desisti de absorver informações novas - talvez por cansaço, talvez por descrença de que eu possa realmente encontrar alguma novidade.
E assim eu passei a ler minha própria história. Nada bom.
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